segunda-feira, março 11

hoje avô, olho para mim e não me reconheço. Olho-me no espelho e não me vejo. Penso na minha vida e não acredito que seja a minha. Avô , tu sabes, eu era aquela que trazia a luz do sol no olhar, aquela que tinha sempre um sorriso verdadeiro a oferecer, era como a flor mais radiante e alegre do teu jardim. Era eu, eu cheia de emoções e sentimentos, eu cheia de calor, com um coração forte e grande, grande de mais para um corpo tão pequeno. E era eu, um eu feliz, um eu luminoso, um eu alegre. Era um eu que transmitia paz e serenidade, mas ao mesmo tempo alegria e amor. Olhava á minha volta avô, e via algo construido por mim, amizades que pensava serem verdadeiras. Eu via um mundo melhor simplesmente porque eu existia e fazia parte dele.
Agora avô, agora vivo na esperança de ter um pouco de calor para mim, de ter um pouco de amor no coração dorido que se encontra no meu pequeno peito ainda mais dorido. E sou eu, um ser que se sente dia após dia mais pequeno, mais frágil. Sou eu, uma nova flor, uma flor pequena , a murchar com o passar do tempo, sou uma flor de inverno, uma flor que tenta sobreviver mas começa a desaparecer. E sou eu, um eu que trás a lua no olhar , um sorriso falso nos lábios. Sou um eu perdido no meu pensamento vazio. Sou apenas um eu menos feliz.

4 comentários:

vera sofia disse...

lindo!

n. disse...

Está lindo, e percebo-te na perfeição, mas tenho a certeza que vais conseguir voltar a arrebitar e ser feliz!

Beatriz Magalhães disse...

O teu avó é o teu mar?

Beijinhos,
Pensando com Arte - com texto novo, deixa opinião.

disse...

Procura pelo teu eu do passado..com certeza, é esse eu que o teu avô desejaria ver em ti.